terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A nossa Maria Antonieta

Aqui hà tempos fui alvo de algumas criticas de familiares e de amigos, por ser da opinião de que não quero mais presidentes da república (sim, letras minúsculas) e daí não ter votado, nem sequer em branco.
Talvez algumas pessoas com quem conversei este assunto interpretassem a minha opinião como radicalismo e "ressabianço" por estar a atravessar uma altura menos boa a nível profissional, o que confesso que efectivamente se reflectiu injustamente no meu "humor" relativamente a muitos assuntos e pessoas perfeitamente exógenos ao problema, mas não neste.
A verdade é que (talvez por ter muito tempo livre) me dediquei a pensar bastante sobre o assunto, cheguei à conclusão de que das duas uma, ou temos um Presidente da República conforme vem descrito na Constituição, ou mais vale a pena pouparmos uns cobres em eleições, pensões e salários em deterimento de uma estátua que se limita a:
  1. Lançar alertas
  2. Fazer apelos
  3. Sensibilizar
  4. Estimular compromissos
  5. Apontar caminhos de futuro
  6. Declarar que só é P.R. e não pode comentar assuntos governamentais
  7. Mentir quanto à sua situação económica de misero professor e pobre multi-pensionista
  8. Fazer discursos de ano novo em que só diz o que toda a gente já sabe
Pois bem, quando li a notícia desta última polémica, decidi pela primeira vez deixar um comentário no site do Jornal o Público. Como sou capaz não só de defender as minhas convicções mas também de assumir os meus erros, achei por bem neste meu primeiro comentário, assinar o meu nome completo e localização. Neste comentário limitei-me irónicamente a dizer que sabia demasiado bem que 1300 euros por mês não chegavam para as despesas, que talvez o Sr. Anibal se estivesse a esquecer de uma ou duas pensões (por exemplo a de ter sido Primeiro Ministro) e que conforme até há bem pouco tempo estava descrito no site da Presidência da República que a sua reforma rondaria os 10.000 euros.
Achei particularmente engraçado, ser o meu comentário o único que teve direito a comentário ao comentário. E não só isto foi engraçado, como ainda mais revelador foi o teor da resposta à minha opinião (Passo a transcrever):

DE: "Um amigo sempre te avisa", Lisboa.
Comentário: "Tenha cuidado com o que diz".


Posso estar enganado muitas vezes, e frequentemente ter dúvidas mas sei que tenho capacidade para comer bolo rei enquanto converso ou respondo a perguntas e mais importante do que isso, sei que para se ocupar cargos de responsabilidade é preciso assumi-la.

Estou cansado da dificuldade Portuguesa em "Sair da nossa zona de conforto" (algo que já fiz há cerca de 4 anos, caríssimo Passos Coelho) e lutarmos pelos nossos princípios mesmo que isso implique ameaças anónimas ou não receber "aquela promoção".

Tenho para mim que continuarei a estar errado, até que a situação se torne suficientemente má. Tenho impressão que a cada pacote de austeridade ou bacorada dos nossos políticos me torno menos "radical" aos olhos dos outros.

Peço que me desculpem, este não é tradicionalmente o sítio para trocar ideias acerca de coisas "chatas", mas acho que às vezes também é preciso.
O próximo post há de ser acerca de praias, ou bananeiras ou qualquer outra coisa mais ligeira.

PS: Luz, descobri que isto aqui é o verdadeiro Graal daquela coisa dos vidros na praia (Glassing, ou lá o que é...). Já tou a guardar alguns exemplares para te levar.
Vasco Figueiredo

7 comentários:

Anónimo disse...

Ler o que escreveste fez-me sentir um frio na barriga que não acontecia há muitos anos.
É fácil compreender o que dizes e mais ainda sentir o que sentes. Com a diferença que agora o tal friozinho tem mais a ver com o que outros de quem gostamos muito possam sofrer, mais do que com o nosso próprio instinto de auto preservação.
Tudo muda, mas a mistura de emoções que a injustiça, a prepotência e o desrespeito provocam é sempre a mesma e não se pode ensinar. Deve ser um mecanismo adapatativo inscrito nos genes que tem permitido aos humanos sobreviver como tal, e não se deteriorarem perdendo o que lhes é único - ser humanos.
Estou contigo, João

Guida

disse...

Eu Concordo cada vez mais contigo, como dizes!!!!
Este é um Assunto que Realmente me perturba Bastante, não tanto por mim, como diz a Guida, mas pelos mais novos, as minhas filhas e vocês, meus sobrinhos. Mas também pelos desgraçados que recebem 200 ou 300 euros de Pensão e se têm de governar(não sei como)...
Tenho para mim, já há tempo, a ideia de que realmente a Presidência cada vez mais representa despesa que não serve para nada, a não ser proporcionar a alguns uma vida de luxo... De resto é o que dizes, e falando no Cavaco, quem é este Palhaço que deixou o País chegar a este ponto sem nunca fazer nada???!!!! Isto básicamente é uma merda, e o que podemos fazer para mudar??? Essa é que é a questão. Quando dizes que não votas, eu compreendo, mas tal acto se não for em massa, também não aquece nem arrefece...
Acho que estava aqui a divagar a noite toda...
E entretanto já me perdi no raciocínio!!!! LOL

Lá vamos nós...Cantando e rindo!!!

Beijo para ti

José Nuno Figueiredo disse...

É realmente triste, tudo isto...

Para mim o problema resume-se a falta de honestidade. É esse o problema quando um político é corrupto, quando um funcionário coça a micose enquanto a empresa não produz o suficiente para manter o seu emprego e também quando uma grávida que recebe Rendimento de Inserção Social passeia dois carrinhos de bebé, a caminho do café.

O mais nítido de tudo é que se esse é o problema, então não vale a pena estar à espera de uma solução. As pessoas simplesmente não são honestas. Isso não é competitivo e como tal tende a desaparecer do nosso genoma.

Quando o país todo for uma casa a arder, vai ser tudo a ralhar enquanto o fogo alastra. Cá estaremos.

Pelo menos posso dizer que é um prazer conhecer-vos e crescer convosco. É das coisas que mais me orgulha - a honra e honestidade que vejo na nossa Família.

Como dizia o outro: Bem hajam!

João: Tem cuidado para não trazeres o glassing para a Tia Luz na planta do pé.

Anónimo disse...

Concordo com todos os comentários especialmente quando é referida a falta de honestidade, é verdade!
Vi agora que cerca de 28.493 pessoas assinaram a petição ‘online’ que “pede” a demissão do Presidente da República.
Considero que esta petição não é apenas uma reação às palavras do Presidente da República, Anibal Cavaco Silva. É uma reação à forma como se atribuem os “cargos” políticos e como funciona todo o sistema. Pensões vitalícias? Penso que sim, porque não? (funcionário do Banco de Portugal, Professor Universitário, 1º Ministro…).
Eu assinei a petição!
Força Vasco!

Marta

Vasco Figueiredo disse...

Pedro Rosa Mendes (Ex cronista da RDP):
“Por junto, uma cultura mesquinha que quase sempre não há ninguém que diga aquilo que todos sabem, mas que todos devem calar. Uma terra onde, finalmente, se instalou o medo e uma noção puramente alimentar da dignidade individual. Traduza-se: ‘está caladinho, para guardares o trabalhinho”... “Tenho para mim que as escolhas limite se fazem todos os dias, no nosso quotidiano, e duvido muito que quem vive de espinha dobrada em tempo de paz, em tempo feliz como é – já nos esquecemos – o tempo democrático, seja capaz de endireitar a espinha em tempos difíceis”


Como vêm não se trata só do futuro dos vossos filhos ou netos, não é uma questão de idade. Também não se trata da honestidade das pessoas, trata-se de quem é honesto (espinha direita) fazer ver a quem não é honesto (espinha torta) as consequências de uma vida sem horizonte, de só ver o umbigo, os pés e as pedras no chão. Os pés são uma ferramenta para caminharmos, o horizonte é a nossa motivação.

disse...

Não sei se já viste, mas se ainda não, vale a pena!!!! :D

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mR1kH5rr7SM

Espero que consigas Ver!!! Pelo menos desanuvia-se!!!

Beijocas

Luz disse...

Sea glass!
Boa! Obrigada!
Para valer tem que estar rolado (sem arestas vivas) e com um aspeto que em inglês se denomina "frosted" (gelado) resultado da exposição a uma erosão lenta das correntes e da areia.
Pode ser de todos os tamanhos e cores.
A hierarquia em termos de raridade é a seguinte:
vermelho (o mais raro, nunca encontrei)
azul cobalto (tenho um minúsculo que encontrei nos Açores)
verde
branco
castanho
Depois há casos especiais como as cores menos usadas (laranja, lilás, amarelo, turquesa,...) ou o vidro texturado (tenho um com flores), ou até berlindes, gargalos e fundos de garrafas, ....
Básicamente vale tudo.
Devo avisar que é altamente viciante :-)
Bjs,
Luz

http://www.smithsonianmag.com/science-nature/sea-glass.html