Aqui hà tempos fui alvo de algumas criticas de familiares e de amigos, por ser da opinião de que não quero mais presidentes da república (sim, letras minúsculas) e daí não ter votado, nem sequer em branco.
Talvez algumas pessoas com quem conversei este assunto interpretassem a minha opinião como radicalismo e "ressabianço" por estar a atravessar uma altura menos boa a nível profissional, o que confesso que efectivamente se reflectiu injustamente no meu "humor" relativamente a muitos assuntos e pessoas perfeitamente exógenos ao problema, mas não neste.
A verdade é que (talvez por ter muito tempo livre) me dediquei a pensar bastante sobre o assunto, cheguei à conclusão de que das duas uma, ou temos um Presidente da República conforme vem descrito na Constituição, ou mais vale a pena pouparmos uns cobres em eleições, pensões e salários em deterimento de uma estátua que se limita a:
- Lançar alertas
- Fazer apelos
- Sensibilizar
- Estimular compromissos
- Apontar caminhos de futuro
- Declarar que só é P.R. e não pode comentar assuntos governamentais
- Mentir quanto à sua situação económica de misero professor e pobre multi-pensionista
- Fazer discursos de ano novo em que só diz o que toda a gente já sabe
Pois bem, quando li a notícia desta última polémica, decidi pela primeira vez deixar um comentário no site do Jornal o Público. Como sou capaz não só de defender as minhas convicções mas também de assumir os meus erros, achei por bem neste meu primeiro comentário, assinar o meu nome completo e localização. Neste comentário limitei-me irónicamente a dizer que sabia demasiado bem que 1300 euros por mês não chegavam para as despesas, que talvez o Sr. Anibal se estivesse a esquecer de uma ou duas pensões (por exemplo a de ter sido Primeiro Ministro) e que conforme até há bem pouco tempo estava descrito no site da Presidência da República que a sua reforma rondaria os 10.000 euros.
Achei particularmente engraçado, ser o meu comentário o único que teve direito a comentário ao comentário. E não só isto foi engraçado, como ainda mais revelador foi o teor da resposta à minha opinião (Passo a transcrever):
DE: "Um amigo sempre te avisa", Lisboa.
Comentário: "Tenha cuidado com o que diz".
Posso estar enganado muitas vezes, e frequentemente ter dúvidas mas sei que tenho capacidade para comer bolo rei enquanto converso ou respondo a perguntas e mais importante do que isso, sei que para se ocupar cargos de responsabilidade é preciso assumi-la.
Estou cansado da dificuldade Portuguesa em "Sair da nossa zona de conforto" (algo que já fiz há cerca de 4 anos, caríssimo Passos Coelho) e lutarmos pelos nossos princípios mesmo que isso implique ameaças anónimas ou não receber "aquela promoção".
Tenho para mim que continuarei a estar errado, até que a situação se torne suficientemente má. Tenho impressão que a cada pacote de austeridade ou bacorada dos nossos políticos me torno menos "radical" aos olhos dos outros.
Peço que me desculpem, este não é tradicionalmente o sítio para trocar ideias acerca de coisas "chatas", mas acho que às vezes também é preciso.
O próximo post há de ser acerca de praias, ou bananeiras ou qualquer outra coisa mais ligeira.
PS: Luz, descobri que isto aqui é o verdadeiro Graal daquela coisa dos vidros na praia (Glassing, ou lá o que é...). Já tou a guardar alguns exemplares para te levar.
Vasco Figueiredo