quarta-feira, 30 de maio de 2007

Luanda - Huambo


Partida para o Huambo 19/05/2007

Pelas 9 da manhã partimos de Luanda em direcção à obra do Alto Hama, província do Huambo.
Parámos para recolher mantimentos e fizémo-nos à estrada, sabendo que em virtude da dureza da noite anterior, seria obrigatória uma rotatividade ao volante.
De Luanda a Viana (bairros de lata dos arredores da capital), demorámos quase 4 horas para fazer 40 Kms, devido ao trânsito e também às chulisses da polícia de trânsito, que nos conseguiu esmifrar 140 Euros “para as gasosa” (Gasosa – Suborno em Angola) e manter durante 30 minutos à mercê do sol abrasador dentro de um carro sem ar condicionado.
Uma vez ultrapassados estes obstáculos, fomos fazer o reconhecimento à minha obra que consiste na reabilitação da estrada Catete-Cabala (Província de Bengo, e que fica na zona do parque natural da Muxima , uma estrada que vai ter ao santuário equivalente à N. Srª. De Fátima, mas Angolana a Muxima! È uma zona de pântanos cheia de vegetação e bicharada é muito bonita e muito quente.
Posto isto continuamos viajem, passando por mangueirais, pântanos, sítios desérticos, montanhas áridas e zonas de floresta densa, sendo que todas elas tinham duas coisas em comum, os buracos enormes na estrada e os quimbos pitorescos (Quimbo- pequenas povoações situadas no meio do capim, constituídas de pequenas cabanas de barro e palha, ver foto).
Percorremos então o caminho de Luanda a Viana, depois Catete e Cabala, a seguir Dondo, depois Huaco Pungo, Aldeia Nova, Kibala e finalmente Alto wama, local da nossa obra, a 70 Kms do Huambo.
Quase a chegar a Kibala, num dos muitos quimbos, avistamos um policia a esbracejar que nos pediu para dar boleia a uma criança que se encontrava muito doente, para que o pudéssemos levar ao hospital de Kibala, o que fizemos com todo o prazer. Resta apenas dizer que de hospital aquilo só tinha o símbolo, convém não esquecer que esta zona da província do Huambo foi desde sempre o quartel geral da UNITA, pelo que os efeitos da guerra se fizeram sentir aqui em mais larga escalado que em qualquer outra zona em Angola. Mas pronto, o Pai da criança agradeceu-nos muito e ficámos com a sensação que o dia já tinha valido para alguma coisa.
Depois de 7.492 buracos em cheio e outros tantos passados ao lado chegamos ao estaleiro 8 horas de viajem e 550 Kms percorridos, e fomos jantar ao Huambo e descancamos enfim.

1 comentário:

disse...

João

Já estava cheia de saudades de te ouvir, após visitas variadas em todos os dias da semana ao teu blog, sem nada de novo , a não ser os comentários saudosos de mais uns quantos Figueiredos (e não só!).

Este teu último testemunho, acho que bateu cá mais no fundo, porque finalmente apercebi-me o quão diferente é o teu dia a dia, mas principalmente o desses angolanos que sempre viveram essa realidade!
È verdade que temos todos muita sorte, pelas coisas que para nós são tão banais e aí praticamente não existem.

Acho que esta tua viagemtrabalho, é para ti, mas também para nós que te seguimos o mais próximo possível, é realmente uma lição de vida!!

Obrigada por nos dares a conhecer tudo isto, que contado desta forma quase deixa os cheiros e muitas outras sensações passarem para aqui mesmo ao pé de nós!

Aproveita por todos nós!!!
Continuamos a torcer por ti, e por essas viagens maravilhosas e aventureiras!

Muitos Beijos,

Tia Zé